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O Bailado Psíquico (Parte II)

As almas tocaram-se
antes dos próprios dedos
se entrelaçarem.
Os ritmos saíam tortos
e os corpos nervosos
Tardavam para rimarem.
Porém, se a dança é prosa
ela também é poesia,
não termina no sentido libidinoso
como se perde no reino da fantasia.
Eles sabiam isso e ninguém os ensinara
Por isso pausaram por um momento.
Crivaram os olhos um no outro,
deixando a orquestra para o sentimento,
que inconscientemente até ali os guiara.
Essa força motriz já ninguém parava,
apesar de rodeados por escárnio.
Todo o mundo ria
Todo o mundo gozava...
Mas ninguém realmente reparava,
que naquele bailado desajeitado,
eles estavam verdadeiramente sintonizados.
Enquanto todo o mundo ouvia o mesmo,
eles oscilavam noutra frequência,
no meio daquele fidalgo sarau
onde valia tudo, menos descurar a aparência.
Caluniados de loucos, insanos e ignóbeis,
mas unidos por aquele estranho som,
Eles bailaram até o corpo e a alma
harmonizarem também no mesmo tom.
Caricato é o que os loucos alcançam,
por não viverem na frequência
do consensus gentium.
Talvez o alcancem também,
por se perderem livremente
para lá do reino da consciência.
Continua...
Todos os direitos reservados João Diogo Vedor ©